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Gestão de Risco x Gestão de Crises - É possível Minimizar o Impacto de um Desastre Ambiental?

Deslizamentos, alagamentos, secas, erosão e enxurradas. Não é coincidência que esses termos vêm sendo cada vez mais frequentes em reportagens e noticiários nos últimos meses. De acordo com os dados divulgados pelo Mapa de Prevenção de Desastres do Serviço Geológico do Brasil, o país conta hoje com 13.648 áreas propensas a desastres ambientais, o que reflete na situação de 3.983 milhões de pessoas em situação de risco.


De acordo o Ministério da Saúde, os desastres de origem ambiental são causados por processos ou fenômenos naturais que podem implicar em perdas humanas, impacto na saúde, danos ambientais, à propriedade, interrupção dos serviços e distúrbios sociais e econômicos. Entretanto seu impacto e prevenção pode ser previsto e medido através da gestão de risco?

A gestão de risco, quando territorializada, consegue avaliar quais ações são necessárias para que os riscos sejam minimizados, evitando perdas humanas e financeiras. Com o acompanhamento e análise contínua dos riscos ambientais, os Estados conseguem prever e desenvolver planos de prevenção que podem ser utilizados como ferramenta principal para a redução de danos.


Nos últimos meses, as fortes chuvas e alagamentos no estado do Acre, principalmente na sua capital, Rio Branco, alarmaram o governo estadual, que precisou criar planos de contingência para reduzir o impacto da falta de moradia, água potável, alimentos e materiais de higiene. Entretanto, o histórico da cidade mostra que existem problemas de escoamento e alagamentos, desde 1997, quando o rio Acre atingiu seu maior nível, atingindo 17,66 metros.


"Em 2021, a gente teve um alagamento também, mas a água ficou no peito e a gente conseguiu subir as coisas, os móveis. A gente não perdeu nada. Desta vez, a gente perdeu tudo"

Aline Bezerra, 27, residente da Cidade de Rio Branco em entrevista para Folha de São Paulo, 'Em 2021, a água ficou no peito; desta vez, só vimos o telhado', afirma moradora do Acre, 10 de Abril de 2023. Disponível em: https://bit.ly/3KDFnGq


A incidência de desastres ambientais nas mesmas regiões é responsável por alterar por completo a dinâmica territorial e as vivências da população. Vulnerabilidades que antes já eram expressivas, são agravadas frente aos riscos sociais das populações vulneráveis às alterações climáticas, que sofrem cotidianamente os efeitos das desigualdades socioeconômicas. Perda material, deslocamentos forçados, insegurança alimentar e ansiedade sobre próximas perdas se tornam realidades recorrentes para populações que experienciam desastres ambientais.


Conforme dados divulgados através do relatório Weather, Climate and Catastrophe Insight, elaborado pela gestora de riscos corporativos Aon, no ano de 2022, o Brasil sofreu perda financeira de US$ 4,2 bilhões de dólares em razão das estiagens e US$ 1,3 bilhão de dólares decorrente de enchentes. Do norte ao sul, o Brasil foi impactado diretamente com alguma mudança climática drástica, gerando demandas urgentes de gestão de crise em âmbito municipal, estadual e federal.


Além da alta gestão financeira para aplicação de ações de controle de crises/pós-desastres, o impacto social é imensurável, fazendo com que histórias e conquistas sejam escoadas. Ao aplicar o pensar global e agir local, é possível reconhecer que em sua maioria, desastres ambientais podem ser acompanhados e ter seus danos reduzidos por meio de planos de escoamento, apoio territorial e acompanhamento das mudanças climáticas que acontecem gradualmente nas regiões. O artigo 225, da Constituição Federal, reconhece o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental do cidadão, por isso, negligenciar os efeitos das mudanças climáticas no social é deixar de lado um direito humano de toda população.



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